domingo, 30 de agosto de 2009

Passeio pelo centro com árvores floridas

Final do inverno, as árvores do calçadão de Bento Gonçalves florecem. Cerca de dez dias depois caem as flores e no início da primavera as folhas voltam.
Via del Vino florida
Fonte de Baco (em frente à Prefeitura)
Passeando pelo centro...
Pracinha ao lado do Shopping Bento
Por estarmos no fim do inverno, poucas plantas estão com flor, o que torna mais bonito o espetáculo das árvores da Via del Vino.

A saga de revalidar um diploma de medicina no Québec

Atualmente existe um caminho, ainda não fácil mas possível, para a revalidação do diploma de Medicina. Todas as províncias possuem um Conselho Regional de Medicina, no caso, o Collège des Médecins du Québec, vinculado ao Conselho Federal, o Medical Council of Canada/Le Conseil médical du Canada.
A revalidação é fetivada através do conselho de cada província, sendo os exames efetuados pelo conselho federal. 
 Me enquadro como Diplomado Internacional em Medicina. Para isto deverei enfrentar os seguintes obstáculos.
Diplomados internacionais em Medicina
Nesta categoria se enquadram todos os médicos formados fora dos EUA e Canadá.
Neste caso, para exercer Medicina no Québec existem 3 vias de acesso:
- Permissão restrita;
- Reconhecimento de équivalência do diploma (revalidação do diploma)
- Admissão ao 1o. ciclo em Medicina (Universidade)

Para o Reconhecimento de equivalência do diploma deve-se:
1. Ser titular de um diploma conferido por uma Faculdade de Medicina inscrita no repertório da OMS;
2. Fazer o pedido de reconhecimento de equivalência do diploma no Conselho de Medicina do Québec (CMQ);
3. Enviar os documentos necessários para o Registro de Competência dos Médicos do Canadá (RCMC);
4. Passar bo Exame de Avaliação do Conselho de Medicina do Canadá (EECMC);
5. Passar no Exame de Atirude do Conselho de Medicina do Canadá parte I (EACMC parte I);
6. Passar no Exame de Atitude do Conselho de Medicina do Canadá parte II (EACMC parte II) ou Exame Clínico Objetivo Estruturado de ciências clínicas do CMQ (ECOS du CMQ);
7. Passar no exame de conhecimento da língua francesa do Escritório québécois da língua francesa (OQFL);
8. Confirmação da verificação dos títulos do RCMC.
Só então se procede ao Reconhecimento da Formação;
- Se já efetuou uma formação posdoutoral (Residência) em Medicina de Família ou Especialização, com duração e contúdo com metade ou mais da necessária no Québec deve-se:
1. Fazer um pedido de reconhecimento da equivalencia da formação;
2. Fazer um estágio de classificação de uma duração de 12 meses;
Após esta classificação se o CMQ avalia como parcial a equivalencia, deve-se completar junto à uma Faculdade.
Se, por outro lado, é avaliado como completa a equivalencia, pode-se fazer a inscrição aos exames finais em Medicina de Família ou de Especialização.
Cada etata é cheia de detalhes e burocracia, que explicarei em breve.
Todos os alunos do curso de Medicina fazem estes exames também, por isso a exigência de que os formados no exterior façam o mesmo caminho.

sábado, 29 de agosto de 2009

Tem uma pedra no meio do caminho...

Conforme o tempo foi passando, fui aprendendo cada vez mais sobre o Canadá através da internet. E quanto mais apredia, mais vontade de imigrar. Fazia o teste on-line do site do Governo na Imigração Canada para ver a pontuação necessária. Faltava eu e a Quel melhorarmos um pouquinho o fator idioma, concluirmos o curso superior e eu ter uma certa experiência de trabalho na área de formação. Para imigrar era isto.


Porém, para trabalhar lá como Médico, a revalidação do curso de Medicina sempre foi o grande entrave. O Conselho de Medicina do Canadá impunha tantas regras e exames classificatórios que tornava quase impossível ter sucesso no processo de revalidação. Se eu não fosse esta dificuldade eu já estaria lá há 4 anos.

É uma pedra no meio do caminho. Levei 3 anos fazendo Vestibular, mais 6 anos de faculdade, foi muito esforço pra chegar até esta fase.

Ao me formar tive que engavetar mais uma vez o Projeto de Imigração, e começar a trabalhar. Primeiro no Mato Grosso por um mês e depois nos mudamos pra Bento Gonçalves, onde estou trabalhando até hoje.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Onde tudo começou

Após uma breve pausa, voltarei a escrever aqui. Antes de continuar a contar a vigem que fiz ao Canadá, gostaria de esplicar como tudo começou, desde o início.

Era uma vez...

A questão imigração sempre foi um pensamento recorrente em minha vida. A história dos meus bisavós, cada um de um canto diferente do mundo, fazia minha imaginação viajar num sonho de uma dia fazer como eles, procurar um lugar difrente pra viver.

A história política do Brasil era triste. Um sonho utópico de uma geração que desejava uma sociedade mais justa sendo reprimda com violência pela ditadura militar impulsionava uma esperança num futuro onde esse sonho se tornaria verdade. Esse era o tema das conversas dos meus pais e seus amigos. Mas sempre ficava o desejo de ir embora. Brasil: ame-o ou deixe-o era o lema dos militares na década de 60.

Naquela época uma leva foi embora, não como exilados, mas como imigrantes. Sentia uma ponta de inveja da coragem destas pessoas na conversas dos meus pais.

Num belo dia da década de 90 estava eu pensando em sair do Brasil, contagiado por este clima de deixar o Brasil. Mas para onde? Minha idéia era um país com a melhor qualidade de vida. Fui pesquisar e encontrei o Índice de Desenvolvimento Humano, onde se agrupavam os indicadores de qualidade vida. Havia um ranking e quem estava em 1º lugar era o Canadá.

Nascia aí uma idéia: um dia viver neste país.

Enquanto o tempo passava o nosso país vivia transformações, Collor, cruzeiro -> real, FHC, e minha vida também. Meu pai ficou doente, mudamos para Pelotas, e esta idéia ficou guardada numa gaveta.

O tempo continuou passando, uma esperança pairava no ar. A esquerda, mesmo que moderada, chegara ao poder. Uma moeda nova, que valia como o dólar, a inflação controlada, dava sustentação ao velho sonho de um país melhor. Eu me casei, passei no Vestibular de Medicina da Universidade Federal de Pelotas. Mesmo assim eu continuava a pesquisar sobre aquele país, que parecia ser a sociedade que sonhávamos. Mas o clima, brrrrr, gélido.

Minhas pesquisas avançavam e recebi pelo correio um material sobre imigração e revalidação do diploma de Medicina no Canadá. As portas estavam fechadas. Era praticamente impossível revalidar o diploma. A taxa de sucesso era ínfima.

Mas chegou a internet. E no material havia uma lista enorme de links sobre o Canadá. De repente aquele país estava ali na tela do meu computador, e apesar das portas fechadas para revalidar o diploma havia um programa de imigração muito organizado. E o sonho foi crescendo.

domingo, 26 de outubro de 2008

Nada melhor do que um dia apos o outro

No dia seguinte a minha chegada acordei após dormir feito uma pedra. Fui tomar meu ‘petit dejeuner’. Encontrei um casal que também estava hospedado na Maison Leclerc, tinham por volta dos seus setenta e tantos.
A mesa posta, uma grande variedade de frutas, geleias, nutella, queijo, etc. Com a fome que eu tava comia até pedra, tive que me conter pra nao atacar feito um bicho... Calma. Amigo. Junto. Sentado.
Entao eu consegui sentir na pele a definição do que é alienado. Alien em ingles é alguém estranho, estrangeiro, talvez pela raiz latina de a(negação)-lien(ligado)= desligado. Em portugues tem o significado de alguem desligado da realidade que o cerca. Pois bem, a linguagem é um dos fatores mais importantes na integração de uma pessoa a uma sociedade.
Apesar do esforço dos nativos em se comunicar comigo, a coisa estava difícil. Quando a pessoa falava comigo devagar, eu entendia 80%, e conseguia expressar a ideia principal de minha opinião usando meu vocabulario limitado. Mas quando eles conversavam entre si, e começavam a se empolgar, ah! aí a vaca ia pro brejo. Eles literalmente não falavam minha língua.
No ingles a coisa é completamente diferente, eu entendo e falo muitíssimo melhor que o francês, mas ainda não me considero fluente. E voces se perguntam, porque não falava em ingles então? Mas um dos objetivos desta minha viagem é justamente treinar o meu francês. Como se diz no exército ‘treino difícil pra guerra fácil’.
Quando a coisa apertava tinha que ser em inglês mesmo. O M. Leclerc falava bem, mas a esposa dele falava ingles assim como eu falo frances. E assim a coisa ia indo, e conforme os dias passaram eu melhorei minha compreensão e pronuncia do frances.
O senhor o qual eu citei no início do post que também estava hospedado era frances, nascido no Vietnam (sim, antes da Guerra contra os EUA o Vietnam foi uma colonia francesa). E, pra quem não sabe, eles também guerrearam contra os franceses antes, e também ganharam (povinho porreta). O triste desta história foi saber que aos quatro anos, ele e sua familia foram capturados pelos vietnamitas, sendo ele torturado dos 4 aos 6 anos. Fiquei horrorizado quando ele me contou que num certo ponto eles arrancaram os dedos de seus pés, um por um, e iam mandando para seu pai para aterrorizar durante o interrogatório. É muito diferente tu ouvir a história pelos livros do que olhar nos olhos de uma pessoa que passou por isto. Ele me confessou que apesar de ja terem passado mais de setenta anos, nunca saia de sua cabeça estas coisas. Até agora sinto um aperto no coração, principalmente por ter um filho nesta idade que ele tinha. Do alto de sua esperiencia de vida disse que fica impressionado como o ser humano é capaz de fazer coisas incríveis (ele é engenhero e trabalhou pelo mundo inteiro em grandes obras) e também horríveis.
Todos os dias tinha alguém diferente hospedado, e isto era muito legal, pois pude conhecer culturas diferentes do Quebec e da França. Mas também era um desafio poder entender e se fazer entender.
Depois do café saí pra conhecer a cidade. Eu primeiro fui num dos shoppings centers que ficavam a uma quadra da casa pra comprar ticket de passagem de onibus urbano e falar com a Quel no telefone. O sistema de transporte, assim como tudo, em Quebec é muito organizado. Todas as paradas tem um mapa com o numero das linhas e o horário que passa naquela parada. E onde se compra o ticket existe um folder com cada numero de linha onde tem um resumo da rota e o horário que o ônibus passa nos principais pontos da rota.
Uma manhã maravilhosa, mesmo após comprar os tickets fui indo à pé. Tinha um mapa da cidade. Fui conhecer primeiro a Universidade de Laval. No caminho um bosque de maples, entrei por uma trilha e de repente estava num sonho. Sem palavras pra descrever a luminosidade das folhas vermelhas e amarelas, os esquilos correndo pra pegar as sementes que caem, fiquei louco.
O campus é todo cheio de bosques assim, com prédios enormes interconectados por ruas, trilhas e também por túneis, pois com metros de neve não fica nada encantador passear por estes bosques com -30C.
Tudo é pensado e feito em função do tal inverno. Não por luxo, mas por questão de sobrevivência. Tudo, mas tudo mesmo e qualquer lugar imaginável é aquecido, numa temperatura constante. Assim sendo, mesmo nos dias em que estava -1 ou até -4 durante a madrugada, eu nunca precisei dormir com mais que um endredon. A água também em todos os lugares tem duas valvulas quente e fria que a gente regula a temperatura da maneira que quiser (eu como sou um gaudério tomei banho frio). Brincadeira, não dava nem pra pensar em abrir só a valvula fria. A água sai tão gelada que doi os dedos. E nós só estamos no início do Outono.
Depois fui indo de parque em parque até o centro da cidade. A cidade de Quebec é a mais bonita de todas. Também é a mais limpa e organizada. O sistema de ruas e auto-estradas é enorme, nunca tem congestionamento.
Pelas fotos pode se descobrir por que tem o apelido de jóia da América.


Fiquei impressionado com a receptividade dos Quebecois (quem é do Quebec). Um povo amistoso, que leva a vida numa boa, sem correria, que tem um senso de humor muito inteligente. São muito cultos também. Mas são reservados, leva-se dias até se criar a intimidade que no Brasil se leva minutos.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Contatos Imediatos do Primeiro Grau

Deco do onibus em Quebec por volta das 5:30h. Saio com minhas malas e vou a pe pra pensao onde iria ficar.
Aqui existe um tipo de hospedagem chamado Bed & Breakfast. A gente fica na casa de uma pessoa, que te da cafe da manha (incluido na tarifa) e um quarto. Eu fiz o contrato de hospedagem pelo site do BBCanada.
Tudo certinho, era so chegar e me apresentar: 'Bonjour, je m`apelle Rodrigo, je suis brasillien et je suis ici pour le chambre'.
Encontro a direcao da rua atraves de orientacoes pelos transeuntes. Primeira impressao: cidade limpinha, cheio de casas novas, tudo gramado, sem cerca, sem muro, sem grade.
Vejo a casa, nao lembrava o numero, mas era de esquina, na localizacao exata do Google map.
Chego, bato na porta. Abre um senhor e me apresento conforme o texto decorado: 'Bonjour, je m`apelle Rodrigo, je suis brasillien et je suis ici pour le chambre'.
O homem faz uma cara de surpresa, e fala qualquer coisa que so entendi que eu devia estar enganado.
O coracao gelou, pensei numa fracao de segundos: O site e armacao, fui enganado; agora perdi meu dinheiro com a estadia, e ainda vou ter que procurar um hotel de noite e a pe'. So conseguia pensar que estava ralado, ja tinha comecado tudo errado. E o cara com uma cara de envaretado, pensando que pepino e' este que bate 'a minha porta?
Achei o papel que eu tinha imprimido pra saber o endereco no meio da mochila e so consegui pronunciar 'Vous etes M. Conrad Leclerc?' Com cara de alivio ele me responde que era na casa do outro lado da esquina.
Ufa! Duas cuecas novas, por favor;
Passado o primeiro susto chego na outra casa e repito a mesma cena. Desta vez o senhor que me atende sorri e convida para entrar.
A casa e' muito bonita, bem quentinha. Ele me mostra o quarto e tenta conversar, mas nos literalmente nao falamos a mesma lingua. Aos trancos e barrancos vai fluindo uma comunicacao meio tosca. Ele me apresenta a dona da casa que tambem tenta se comunicar comigo.
Eles sao estremamente formais e educados. Me sinto ate constrangido, me sinto um bagual, tosco, vindo direto da Campanha, ou como se diz em Bento, um colono ( na verdade eu sou assim mesmo, uma mistura de colono italiano (Cantarelli) com gaucho da fronteira (Pereira).
E', a gente vai se conhecendo melhor cada dia que passa.
Mas tudo corre bem, nao dou mancada, ou pelo menos so percebo no dia de ir embora uma placa em frances dizendo pra tirar os sapatos ao chegar, que eu nunca tinha visto.
O animal passou todos os dias entrando e saindo com as patas sujas da rua, e agora entendo o porque no inicio sentia algo estranho vindo da direcao da dona da casa que era maniaca por limpeza. Mas tambem nunca pediram pra tirar o sapato...
Tomo banho, e vou jantar.
O M. Leclerc me da as direcoes do restaurante mais proximo. Entendi mais ou menos.
O monstro aqui pega a maleta e pendura atravessado no ombro e sai a passo, com uma calca jeans, camiseta, tenis (meus pes estavam doendo) e a japona velha de guerra.
Chego nestas condicoes num restaurante, tri chique ( o restaurante, nao eu, e' claro).
Vou entrando, louco de fome ( sabe que quando to com fome nao penso direito), como se fosse um Mc Donald`s. Ai vem uma mulher toda uniformizada com uma roupa que parecia do sec.XVII, inclusive com um chapeu estranho (ai,ai, que furada entrei). Comecei a fazer a conta de quanto sairia a conta e como eu sairia dali sem gafe.
Mas ainda bem que pela minha bagualice e pelos meus trajes, a funcionaria se deu conta que eu tinha pegado a nave errada. E em ingles, pois nao entendi nada que ela falava, disse que so tinha pratos com lagosta.
Eu entendi duas coisa: ela estava me dando uma dica que ali nao era o que eu procurava, de maneira polida e educada; ou realmente o restaurante so tinha pratos com lagosta(imagina o preco). 'Oh! I'm sorry, I don't like lobster' respondi; o meu estomago adora, mas meu bolso odeia lagosta. Dei meia volta e sai feito barata tonta, rindo de mim mesmo, ainda mareado da viagem, procurando um restaurante. Mas tudo estava fechado, e tudo era tao longe que resolvi fazer um jejum forcado.
Estava tao cansado, que fui dormir as 9h, pensando: 'Vou ter que me adaptar'.
Normalmente minhas atitudes nao seriam assim tao toscas. Mas apos 30h de viagem, tantas coisas diferentes, me sentindo um estranho, numa terra estranha, com uma lingua estranha, sozinho, resolvi achar tudo engracado e dormir. E dormi feito uma pedra.
Resumo dos primeiros contatos: agi feito um idiota; por isto se voces acharem que algum estrangeiro esta agindo feito um idiota, nao ligue, e' so' o choque cultural inicial.

domingo, 19 de outubro de 2008

Viagem Canadá - A ida

A odisséia começou no Domingo de manhã saindo de Bento abaixo de chuva. À tarde saiu o voo (dizem que agora não tem mais acento, poxa demorei anos aprendendo a acentuar e agora mudam tudo) para São Paulo. Foi triste me despedir da minha mala, vendo ela indo sozinha, sei lá se em boa compania, será que não vai se perder (não acho o ponto de inerrogação neste teclado francês, sera que eles não tem duvida de nada )
Também foi triste me despedir da Quel, do Tales e da mãe, minhas malinhas prediletas. Elas devem ter pensado se o mala aqui também não iria se perder.






Algumas turbulências (eu achava que só as estradas estavam esburacadas) e cheguei são e salvo em Guarulhos (ainda bem que não era Congonhas, pois tava me cagando de medo, verdade só confessada agora. Sei lá, depois que a gente vira pai fica tão cagão) .

Por isto não tem foto desta parte. Juro que fiquei com medo da minha reles maquininha causar uma desorientação e nós irmos parar no Lost.

O aeroporto de Guarulhos começou o choque cultural. Parecia uma zoológico, uma torre de babel. Tinha nego de turbante, outro vestido de Africano,outro calça de fazer ginástica, outro parecia num safari, outro com chapéu de Indiana Jones, só faltava eu estar pilchado pra completar o circo.

Bueno, dispois, vai até o balcão da Air Canadá pra fazer o check-in 'chequinho'. Tinha uma fila monstra, esperei uns quarenta minutos.

Bilhete na mão, esperar mais umas duas horas. Sala VIP, banheiro, telefonar pra Quel.






Quando vi chegou o

avião e atracou no portão. A pressão da folha de Maple vermelha na cauda.
Em dois toques estava dentro. Primeira impressão: é apertado, segunda, parece onibus da Penha, só que voa, e não tem parada pra lanche pra esticar as pernas.


Mas tinha televisão com toque digital em cada poltrona, dava pra ver filme, acompanhar a rota, bem legal, exceto que tiveram que reiniar o programa quatro vezes, interompendo o filme.


Outro detalhe, tinha uma aeromoça que poderia ser enquadrada na categoria avião, mas classe Jumbo. Caramba, ela deveria pagar taxa por excesso de peso. Sério, devia pesar perto de 110kg! Mas o que tinha de peso também tinha de simpatia.


De manhã acordo com a aurora, servem café da manhã e já começa a descida.


Olha a visão de Toronto de manhã!

Agora, já era. Tava em terras alienígenas. Era um estranho numa terra estranha.

Segui a boiada do meu voo até um balcão da alfândega.

Era segunda-feira, de manhã cedo. Será que a funcionária iria estar de bom humor?

Entreguei um papel que tinha preenchido no voo, ela me perguntou se era a prmeira vez que eu ia ao Canada', eu disse algo inaudivel e ela perguntou `afirmative?` rindo. (Sim, ela estava de bom humor)

Depois perguntou pra que eu estava la', e eu respondi `tourism`.

Perguntou se trazia equipamento eletronico e eu disse `celular phone`( animal, e` cell phone); ela me olhou com uma cara estranha e eu me dei conta do que tinha falado, ri e pensei que parecia um tupi-niquim, so' saia monossilabos.

Me devolveu o passaporte, carimbou e disse pra mim passar adiante.

Ai sai por um corredor pensando, ta', agora eu vou pra uma sala ser interrogado por horas para explicar que erva era aquela que tinha na minha mala ( como explicar erva-mate e bomba de chimarrao em ingles? ( It`s just a bomb and grass )

Mas dali fui pra esteira pegar minha querida mala. Sera' que nao tinha se perdido? Encontrei ela direitinho, sai feito barata tonta até o terminal de entrega e me despedi de novo dela (au revoir).

Pronto, agora eu estava no Canadá. Primeiro ato: ir ao banheiro fazer as necessidades fisiologicas, pois houve um relaxamento do esfincter, se voces me entendem (afrouxou a ruela)

Apos este momento de descontraçao vem o primeiro choque cultural: cade o lixinho do papel higienico? Ao procurar me lembrei de um blog que dizia a respeito deste detalhe.

Apesar de desde tenra idade a gente aprender que o papel jamais pode ir pro vaso aqui tudo e' diferente. Aqui ele vai direto pro vaso. Dai começa a adaptação.

Pois bem, apos essa breve aula de etiqueta canadense vou pro portão de embarque a Montreal. Neste momento caiu minha ficha. Todos os meus referenciais tinham dessaparecido. Ninguem ali falava minha lingua, só ouvia falarem frances e ingles,ninguem me conhecia e eu nao conhecia ninguem, era um estrangeiro ou um 'stranger'. Uma estranha sensação de solidão entre a multidão.

Mas a capacidade de adaptação do ser humano é incrivel.

Os nativos eram amistosos e a comunicacao, apesar de precaria, era possivel.

Ao chegar em Montreal ja estava mais familiarizado com as coisas na minha volta.

Em Montreal comprei um cartão telefonico pra falar com a Quel, dar notícias.


E agora? pra ligar usar qual operadora? depois de varias tentativas descobri que nao se adiciona codigo de operadora. Depois de falar, dizer que tava tudo bem era hora de comprar a passagem pra Quebec. Sim aind faltava mais esta parte.

Me desdobrei bem no frances e comprei a passagem pra Quebec.

Entao agora so faltavam mais tres horas de onibus.

Depois de 30 horas cheguei em Ville de Quebec.

O primeiro contato com os donos da casa sao para o proximo capitulo.